Brasilidium ottonis foi descrito em 1914 por Schlechter, como Oncidium ottonis. É uma espécie epífita de média a elevada altitude, predominante no araucarieto da região serrana dos Estados do Sul do Brasil, onde vegeta como epífita a baixa e média altura das árvores.
Apresenta crescimento entouceirado, com pseudobulbos bifoliados muito próximos uns dos outros, de formato oval, com sulcos longitudinais, cujo tamanho varia de 2 a 3cm de comprimento por 1,5 a 2cm de largura.
As folhas têm forma oblonga a lanceolada e variam entre 7 e 10cm de comprimento por 2 a 3cm de largura. A inflorescência é arqueada a pendente, medindo entre 10 e 15cm de comprimento e portando 2 a 10 flores de colorido amarelo com máculas de tamanho e quantidade variáveis nas pétalas e sépalas.
A sépala dorsal tem forma elíptica e mede 1,8 a 1,9cm de comprimento por 0,7 a 0,8 de largura. As sépalas laterais são lanceoladas e com medidas semelhantes, sendo fundidas em até a metade de sua extensão.
As pétalas têm 1,8cm de comprimento por 0,5cm de largura e são dispostas transversalmente ao labelo e geralmente voltadas para a frente.
O labelo é ligeiramente trilobado, e muito maior do que as pétalas, podendo passar de 3cm de comprimento por 2,5cm de largura. Os lobos laterais são reduzidos, com 0,5cm de comprimento no máximo, e com forma triangular, enquanto o lobo médio tem forma oval, às vezes dividida em lóbulos, sempre com estreitamento importante na base, onde apresenta calosidade na forma de duas lamelas longitudinais.
A coluna é reta e alongada, medindo 1,7 a 1,8cm de comprimento, portando duas polínias.
A floração ocorre na primavera.
O nome da espécie é homenagem a Otto Beyrodt,botânico alemão, diretor do Jardim Botânico de Berlim no final do século XIX.
Esta é uma espécie que gera polêmica quando à sua correta identificação, porque por anos vem sendo chamada de Oncidium concolor (Brasilidium concolor). Entretanto, entendemos que B.ottonis guarda várias diferenças importantes para com B.concolor, que não podem ser ignoradas.
A espécie chegou a ser incluída no efêmero gênero Carenidium, como
Carenidium ottonis, em 2007, e só posteriormente é que foi transderida para Brasilidium, em artigo publicado em 2011 (Boletim CAOB 81/82, p. 27-29).
A respeito das diferenças morfológicas para com as flores de B.concolor, destacamos as seguintes:
- as flores de B. concolor apresentam coluna curta, em média 0,9 cm de comprimento, enquanto a coluna de B. ottonis é mais longa, quase o dobro, em média 1,7 cm de comprimento.
- a cavidade estigmática em B.ottonis é alongada, e em B. concolor é oboval – o que, somado ao tamanho da coluna, permite crer que as flores sejam polinizadas por diferentes insetos;
- as pétalas de B.ottonis geralmente transversais ao labelo, pétalas de B.concolor geralmente se apresentam abertas e espalmadas.
Importante lembrar que a presença de máculas nas sépalas de B.ottonis não pode ser considerada como diferencial para com B.concolor; há indivíduos de B.ottonis sem máculas e há indivíduos de B.concolor sem máculas.
Além disso, a distribuição geográfica das duas espécies é distinta. B.ottonis ocorre nos Estados do Sul do Brasil, enquanto B.concolor ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.