Dichaea pendula é uma das representantes do gênero Dichaea, criado por Lindley em 1833. Mas já havia sido descoberta mais de 50 anos antes. A espécie foi descrita em 1775, pelo francês Jean-baptiste Aublet (1720-1778), como Limodorum pendulum, a partir de exemplar coletado na Guiana Francesa (Limodorum é um gênero que havia sido criado por Boehmer em 1760 e é válido até hoje, mas correspondendo a um outro grupo de Orchidaceae, formado por umas poucas espécies terrestres da Europa).
Swartz descreveria a mesma espécie como Epidendrum echinocarpum em 1788 e logo a transferiria para Cymbidium, como Cymbidium echinocarpum, em 1799. Em 1833 Lindley criou o gênero Dichaea, com essa espécie como typus, mas tratando-a como Dichaea echinocarpa. Somente em 1903 a espécie ganhou o nome Dichaea pendula, através de publicação de Cogniaux, que revisou o gênero Dichaea na ocasião.
Dichaea faz parte da subtribo Zygopetaliinae e é gênero com mais de uma centena de espécies, com cerca de 1/4 delas ocorrendo no Brasil (ainda recentemente, no começo de 2014, foi descrita uma nova espécie da região amazônica, Dichaea fusca Valsko, Holanda & Krahl).
Dichaea pendula vegeta sempre em ambiente de elevada umidade do ar. Com hábito completamente pendente, se apresenta como epífita e muitas vezes como litófita (vegetando sobre rochas). Habita sempre próximo a cursos d’água, em condições de pouca luminosidade solar direta.
O vegetal lembra uma pequena samambaia. Os caules podem chegar a 30cm de comprimento, e muitas vezes são ramificados, com novos caules surgindo em qualquer ponto do vegetal. As folhas têm entre 1,5-1,8cm de comprimento por até 0,5cm de largura. Elas se apresentam alternadas e muito próximas, sempre com a base envolvendo o caule. A inflorescência é uniflora e surge em um pedicelo curto. A flor tem pouco mais de 1cm de diâmetro; as pétalas e sépalas são relativamente largas e não chegam a se espalmar por completo. Apresentam máculas de cor púrpura sobre um fundo amarelo esbranquiçado. O labelo tem típica forma de âncora, com largura maior do que o comprimento, e também é púrpura.
Vejo três detalhes interessantes nesta planta:
- o sistema radicular sempre curto, forte o suficiente apenas para prender a planta no tronco, galho ou rocha, sem se alongar pelo substrato;
- as raízes aéreas que surgem na base das folhas, que percorrem o caule e muitas vezes não chegam ao substrato;
- os frutos, que vêm na forma de cápsulas espinhosas .
O nome Dichaea vem do grego ‘dícha’ (=dupla, duas séries), provável alusão de Lindley à forma de apresentação das folhas das espécies do gênero. Já ‘pendula’, evidentemente, é alusão à forma pendente do vegetal – característica entretanto que não é exclusiva de D.pendula dentre as espécies de Dichaea, pois há outras espécies de Dichaea que são pêndulas.