Publicada como Limodoroum lanceolatum, em 1775, pelo francês Jean Baptiste Christophore Fusée Aublet, esta é uma das Orchidaceae mais dispersas pelo continente americano, desde a Flórida até a Argentina, o que fez com que ganhasse dezenas de sinonímias heterotípicas no passar dos anos. Além disso, entre os seus nomes hoje considerados sinônimos homotípicos a espécie esteve, além do gênero Limodorum, também nos gêneros Neottia, Stenorrhynchos, Gyrostachys e Spiranthes.
A lista do Royal Botanic Gardens lista sete espécies válidas de Sacoila. Para o Brasil seriam quatro delas: Sacoila cerradicola Meneguzzo, Sacoila duseniana (Kraenzl.) Garay, Sacoila hassleri (Cogn.) Garay e Sacoila pedicellata (Cogn.) Garay. No Rio Grande do Sul é verificada apenas a ocorrência de S.lanceolata.
O gênero foi estabelecido por Rafinesque, em 1837, e Sacoila lanceolata foi transferida para ele em 1980, por Garay.
Como acontece com outras espécies de Orchidaceae terrestres, Sacoila lanceolata é muito encontrada em barrancos e margens de estradas, o que presume sementes carregadas por veículos e animais.
Trata-se de uma planta terrestre de sistema radicular forte, composto por raízes carnosas, grossas, pubescentes e ramificadas, com quase 1cm de diâmetro.
As folhas só aparecem após a florada da planta, em número de 5 a 8. São enervuradas, com um colorido verde-alface a verde-escuro, dependendo do grau de insolação que a planta apanha. Medem entre 12 e 18cm de comprimento por 4-5cm de largura e têm forma linear, com extremidade aguda; a base se atenua levemente, revestindo o caule.
A inflorescência é ereta e espigada, podendo ultrapassar 60cm de altura. Surge no centro da roseta foliar, na primavera, quando a planta está sem folhas, carregando mais de trinta flores de colorido rosa-salmão fraco a forte. As flores são dispostas horizontalmente, em pirâmide. O aspecto tubular da flor impede verificar forma e dimensões das pétalas e das sépalas sem a dissecação.
As três sépalas são bastante pubescentes. A sépala dorsal mede entre 1,3 e 1,4cm de comprimento por 0,4-0,5cm de largura, com ápice recurvo, levemente voltado para cima. As sépalas laterais são um pouco maiores, , com 1,9-2cm de comorimento por 0,4-0,5cm de largura, e um pouco concrescidas na base, onde formam um pequeno esporão de 0,1 a 0,2cm de comprimento.
As pétalas medem entre 1,6 e 1,7cm de comprimento por 0,4-0,5cm de largura. São um pouco membranáceas e dispostas de forma paralela à sépala dorsal, encostadas a ela e também tendo ápice ligeiramente recurvo. Ao contrário das sépalas, são lisas, sem pelos.
O labelo mede entre 1,7 e 1,8cm de comprimento por 0,7-0,8cm de largura, é carnudo e de crescimento colado à coluna. Apresenta na base uma pequena cavidade em forma de canal, separada por duas margens carnudas e pubescentes, que seguem até o centro do labelo, onde o mesmo ganha forma triangular (como uma ponta de espada quando distendido). A extremidade é ligeiramente voltada para baixo.
A coluna mede 0,7-0,8cm de comprimento, com um pé de 0,2cm colado ao ovário. Apresenta duas polínias.
O nome Sacoila tem origem em duas palavras gregas: ‘saccos’ (=saco) e ‘kóilos’ (= oco), alusão, segundo consta, ao esporão formado na base das sépalas laterais. Já ‘lanceolata’ vem do latim ‘lancea (= lança), cujo diminutivo é ‘lancéola’, referência portanto à forma do labelo.